segunda-feira, 24 de agosto de 2009

o Irã atual-tensão no Oriente médio


O Irã é hoje objeto de uma controvérsia internacional não apenas por sua recusa em interromper o enriquecimento de urânio mas também pelo suposto apoio a grupos radicais em vários países. No Iraque, os Estados Unidos acusam o Irã de fornecer armas e dinheiro para a insurgência que luta contra as forças de segurança estrangeiras; no Líbano, o Irã é freqüentemente associado ao grupo radical xiita Hezbollah, um dos protagonistas da guerra contra Israel em meados de 2006.

Mas o país persa não está sozinho ao protagonizar disputas no Oriente Médio. Marcados por diferenças religiosas, culturais e políticas, os Estados árabes e judaico (Israel) que integram a região vivem conflitos alimentados pela jogo de influências da comunidade internacional.

Veja a seguir a cronologia e importantes fatos políticos ocorridos no Irã:
Conheça alguns eventos políticos posteriores à revolução de 1979:


Janeiro de 1979 - O xá Reza Pahlavi é forçado ao exílio depois de expressar desgosto pelo regime autoritário.

Fevereiro de 1979 - O aiatolá Ruhollah Khomeini retorna a Teerã, depois de 15 anos de exílio em Paris --a maioria do tempo ele passou, na verdade, no Iraque-- e, rapidamente, consolida uma coalizão e se torna o líder supremo.

Junho de 1989 - Khomeini morre, e o aiatolá Ali Khamenei, ex-presidente, é apontado como líder supremo pelo Conselho de Especialistas do Irã.

Agosto de 1989 - Akbar Hashemi Rafsanjani se torna presidente com vitória esmagadora nas urnas.

Maio de 1997 - O reformista Mohammad Khatami é eleito presidente em uma vitória surpreendente sobre o candidato apoiado pelos clérigos conservadores.

Julho de 1999 - Violência eclode em protestos estudantis provocados pelo fechamento de um jornal reformista. Mais tarde, dezenas de jornais deste tipo seriam obrigados a fechar.

Fevereiro de 2000 - Os aliados reformistas do presidente Khatami conseguem uma grande vitória nas eleições parlamentares, contra os grupos conservadores.

Junho de 2001 - Khatami é reeleito presidente.

Agosto de 2002 - O grupo oposicionista Conselho Nacional da Resistência Iraniana informa, do exílio, a resistência de urânio enriquecido na instalação de Natanza e de água pesada nas instalações de Arak.

Fevereiro de 2004 - Os conservadores saem vitoriosos nas eleições parlamentares depois de o Conselho de Guardiães barrar a candidatura de cerca de 2.500 reformistas.

Junho de 2005 - O conservador Mahmoud Ahmadinejad, prefeito da capital Teerã, vence Rafsanjani e se torna presidente.

Maio de 2006 - Os EUA se oferecem para participar de diálogos multilaterais, com o Irã, sobre desnuclearização, em troca de o Irã encerrar seu programa nuclear.

Dezembro de 2007 - Relatório da inteligência americana informa que o Irã interrompeu os trabalhos para construir uma bomba nuclear em 2003.

Fevereiro de 2008 - Instituições linha-dura do governo iraniano proíbem centenas de reformistas de concorrer nas eleições parlamentares de março seguinte.

Março de 2008 - O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) adota sua terceira resolução contrária ao programa nuclear iraniano.

Novembro de 2008 - O Irã afirma ter 5.000 centrífugas de enriquecimento de urânio em funcionamento, sinalizando uma expansão do seu programa nuclear e aumentando nos países ocidentais o medo da criação de armas nucleares.

Janeiro de 2009 - Depois de três décadas de desconfiança mútua, o recém-empossado presidente dos EUA, Barack Obama, oferece um recomeço nas relações com o Irã caso Teerã "abra os punhos".

Fevereiro de 2009 - Novo relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) mostra crescimento significativo nos estoques de urânio processado do Irã, que somaram mais de 1 kg, e alerta para a possibilidade de conversão do material em urânio enriquecido para a criação de uma bomba.

Março de 2009 - Obama ameaça estender as sanções impostas ao Irã por oferecer "extraordinária ameaça" aos EUA. No fim do mês, Obama envia, em um gesto inédito, um vídeo para Teerã oferecendo um "recomeço" nas relações diplomáticas. No dia seguinte, o líder supremo, aiatolá Khamenei, disse que a oferta era "slogan", mas admitiu mudar suas políticas mediante uma mudança americana. "Mudem vocês."

Abril de 2009 - O presidente Ahmadinejad acusa Israel de promover genocídio e limpeza étnica contra palestinos, dois dias após classificar o Estado hebraico de racista e promover protestos em uma conferência da ONU.

FRAUDE ELEITORAL???

Reese Erlich é correspondente da Znet e esteve cobrindo as eleições no Irã e os acontecimentos posteriores. É também o autor de Iran Agenda: the Real Story of U.S. Policy and the Middle East Crisis. (Polipoint Press), um livro que tem sido citado como fonte para a teoria de que houve intervenção dos EUA nos protestos iranianos. O que acontece é que ele discorda desta teoria e aponta as falhas na argumentação de analistas de esquerda como James Petras.

Erlich defende que há evidências suficientes a validar a tese de fraude eleitoral. Já em 2005 Ahmadinejad havia ganho as eleições por muito pouco de Karoubi, que alegou fraude mas sem grande capacidade de protesto já que sob o regime clerical iraniano não há forma substantiva de apelo.

Na fase final da campanha para estas eleições, os iranianos estavam muito preocupados com a possibilidade de haver fraude por parte do governo. No dia da eleição, o acesso à contagem dos votos foi impedido a muitos observadores da oposição. A oposição planejou comunicar os resultados das diversas contagens através de SMS a uma localização central mas o governo impediu o uso de SMSs. Assim, a contagem dos votos ficou inteiramente dependente de uma contagem governamental. Há histórias de urnas que chegaram já cheias e de terem sido impressos mais cédulas do que os eleitores que constam dos registros oficiais.

Um estudo de dois acadêmicos de Chatham House e do Institute of Iranian Studies at University of St. Andrews, na Escócia, sustentava que para Ahmadinejad ter tido aquela vitória maciça em 1/3 das províncias iranianas ele teria que ter tido os votos de todos os seus apoiantes, todos os novos votantes, todos os eleitores que antes votavam ao centro e de cerca de 44% dos eleitores reformistas

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